Acabou 2021 - Deixando feridas abertas e abertura de novas

 Preciso rever  o que aconteceu em 2021 pra poder pensar em novos planos.

A virada foi tão conturbada quando o ano todo de 2021, sem deixar um tempo pra eu parar e refletir o que eu quero fazer, atolada de responsabilidades e a pressão de ter que tomar uma decisão o tempo todo.


Não lembro muito bem como foi janeiro de 2021, a pandemia ainda estava entre nós, com muitas mortes e um medo de uma nova onda, mas mesmo assim voltamos ao presencial normalmente. A Secretaria virou SMUL novamente, e ao mesmo tempo iniciamos o projeto da Revisão do Plano Diretor. 

Onde a gente morava quase pegou fogo, apareceram goteiras e vimos que o telhado precisava de reparos. A proprietária pediu a casa e depois mudou de ideia, todavia já estávamos procurando, mas paramos então.

A vida amorosa parecia bem. Sobre o relacionamento que eu tinha é do que menos me lembro antes de fevereiro de 2021. Eu usei o trabalho como uma fuga, o álcool como um anestésico, e foquei todo meu amor no Corujinha e na minha família. 

Janeiro foi bem corrido, até março precisaríamos ter tudo pronto para dar início a Revisão do Plano Diretor. 

Em fevereiro, tive uma briga com meu ex, ficamos afastados por uns dias. Resolvemos conversar e ele mais uma vez não entendeu nada, o dia do pedido de desculpas era mais uma tentativa dele se sentir bem com ele mesmo, planejou sozinho uma noite que eu nunca teria aceitado. O que me faz lembrar que eu estava ainda fazendo fisioterapia para o meu ombro direito, virei o ano com um diagnóstico de uma lesão antiga no ombro, que não requer cirurgia caso a dor passe com fisioterapia, fiz umas 12 sessões e ele melhorou bem. Voltando ao ex, eu fiquei comovida com a tentativa dele, mas era só medo de me perder, não era pensando em mim, era pensando nele mesmo. Voltamos, e depois de uma semana dele fazendo todos os dias um pedido de desculpas, o que me desgastou muito ter que ficar reforçando as mesmas coisas discutidas no dia que ele pediu desculpas, foi quando eu descobri a morte do Theo, e mais uma vez ele fez isso ser sobre ele, mais uma vez ele só olhou pra ele mesmo e me acusou de não gostar dele o suficiente, nada do que eu fazia pra ele se sentir amado e seguro foi suficiente, e não importava o que acontecesse ele conseguia fazer com que fosse sobre ele. Foi a última vez que eu quis passar por aquilo, pois ele me deixou antes mesmo de eu deixá-lo, quando não estava lá pra mim, não estava lá pra me amparar. Eu gritei e surtei pela primeira vez no ano, e surtaria depois por outras coisas.

Depois deste dia eu esperei 5 dias pra ver se haveria algum pedido de desculpas, percebendo que isso nunca viria de ninguém da outra parte eu resolvi terminar por mensagem mesmo. Eu estava tentando entregar um logo pro antigo sogro, na correria, com o filho dele me infernizando com suas inseguranças e cobranças, problemas em casa e super sobrecarregada no serviço, não entreguei o melhor. Depois que terminei por mensagem a ex sogra só perguntou como eu faria com o logo pois não gostaram de nenhuma das opções. Mais uma vez ela respondeu pelo filhinho que mentalmente tem 5 anos de idade, que não consegue trabalhar com os próprios sentimentos, que não tem empatia ou compaixão. Eu queria me ver liberta deles, então eu devolvi o dinheiro todo, mesmo tendo trabalhado por horas e perdido vários sábados que eu poderia ter descansado e cuidado da minha saúde mental. O dinheiro me fez muita falta.

Sofri pelo Theo, sofri pela desilusão, engordei mais uns quilos, ao todo uns 6-7 kg, minha autoestima continua muito baixa e minha confiança nas pessoas é próxima ou igual a 0. 

Em março voltamos para o home office por conta da pandemia, não sabíamos quando voltaríamos, estávamos esperando as vacinas começarem a ser aplicadas e graças a Deus iniciaram com os Idosos no mesmo mês, se não me engano. Acho que ficamos 3 meses em home office. Foi quando a minha parceira de criação conseguiu uma oportunidade melhor que a Secretaria e nos deixou, meu trabalho triplicou, e eu não tive muito tempo pra processar os últimos ocorridos. Meu gato deu início ao tratamento de esporotricose, a minha irmã ainda na luta pra conseguir emprego, mas nos ajudava bastante em casa. Logo apareceu um freela muito importante, que me fez recuperar o triplo do que eu perdi quando devolvi o dinheiro. Foi um dos trabalhos mais bonitos que ja fiz, sinto muito orgulho dele, foi para o músico e namorado da Gata, chamado Caio Zancan, demorei uns 2/3 meses pra terminar e entregar o projeto, mas diferente do anterior, entreguei uma só versão e foi aprovado de primeira. Recebi o triplo e com apenas algumas correções nos nomes das músicas inclusas no material. 

A rotina estava bem corrida, trabalho, cuidar do gato, fazer compras no mercado, organizar os gastos de casa, e freela nos finais de semana. Não sobrou quase nada pra poder curtir. Nada de amigos para conversar ou poder sair pra distrair, meu irmão veio em casa algumas vezes e pudemos descansar jogando videogame. Alguns surtos alheios ocorreram mas eu não quer escrever isso aqui rs.

Em março ( antes de voltarmos pro home office) também teve mais uma audiência da Winners, comecei a receber as parcelas do acordo em abril, o que ajudou a pagar os exames e tratamento do Coruja. 

Em junho voltamos para o presencial, contratamos um novo designer para a equipe, finalmente.

Consegui ter alguns momentos de reconexão comigo mesma, cortei o cabelo, fiz fotos, peguei um trabalho de aquarela digital o que eu gosto de fazer e me relaxa. Foram poucos momentos que fiquei feliz e confortável comigo mesma, preciso recuperar a pessoa que sou e descobrir que sou agora depois de tudo isso.


Comemoramos o aniversário do meu irmão, da minha minha irmã e do meu sobrinho, passamos tempos gostosos com eles, o que fez valer a pena um ano tão corrido.


Em julho teve vacina! Primeira dose tomada!

Pela primeira vez em anos eu consegui comemorar com alegria o meu aniversário. O Mau voltou a falar mais com a gente, o que me deixou muito feliz. Para animar o meu aniversário ele mandou uns drinks maravilhosos e fizemos a festa em casa. Conseguimos fazer um churrasco na casa reunindo todo mundo depois de um ano sem. Foi maravilhoso!

No final de Agosto tomei a segunda dose da vacina e minha mãe também, o que trouxe mais alívio e um pouco de esperança pra gente.

Peguei férias, e como workholic que sou demorei pra relaxar, estava com mais um freela pra terminar, agora uma loja pet com estilo rock! Minha mãe me ajudou a desligar um pouco e pensar em mim, eu esqueço de cuidar de mim, fomos em Guarulhos cortar os cabelos com meu cabeleireiro preferido!
Participei de curso e desafio do Kimura, que me foi muito promissor e agregou muito na minha carreira e no meu método criativo, adaptei as técnicas pros meus projetos gráficos, o que fez eles serem aprovados de primeira! 

Com tanto trabalho fracassei na rotina de exercícios, não consegui manter então não emagreci. Com isso também fiquei muito ansiosa, tive paralisia do sono por 3 vezes, algumas noites sem dormir. E nada do que eu fazia me deixava feliz por um mais de um dia.


Estava parecendo que tudo ia se encaixar, até que em setembro a proprietária precisou pedir a casa por motivos financeiros e de saúde. Não aceitei muito bem, estava controlando tudo na ponta do lapis, o dinheiro guardado era pro tratamento do coruja, estava pegando freelas para dar conta de pagar tudo e eu surtei, me desesperei, gritei com minha mãe, com meu irmão, gritei comigo mesma. De onde íamos tirar dinheiro pra mudar? 

Depois que surtei e me desculpei, ao mesmo tempo percebi o que me incomodava de fato, que é ter 31 anos e não ter independência  total pra poder morar sozinha e ajudar minha mãe ao mesmo tempo. Procuramos casa e achamos um apartamento muito gostoso, aluguel um pouco mais alto, mas de qualquer forma teria aumento onde estávamos, mudamos em outubro, conseguimos pagar tudo sem precisar fazer empréstimo e para os gatos foi super tranquilo. 

Em outubro foi quando extravasamos um pouco ( muito na real). Teve despedida de solteira, casamento, e evento da cerveja Spaten, essa em novembro na verdade, quando estava de férias, finalmente minhas férias de 20 dias que não peguei freela nenhum! Queria ter o tempo todo livre, só pra mim, e Deus como foi difícil desligar. Eu dormi muito, recuperei o sono de mais um ano, dormi com qualidade e de forma fácil. Até chegar perto do dia de voltar a trabalhar e me dar refluxo. 

Apareceu uma ferida na pata do coruja, colocamos por umas 4 semanas pomada até fechar. 
A saúde do Corujinha veio piorando, e a oftalmo sendo avisada não fez muito, a dr. Kátia tem nos ajudado muito. Dia 1 de dezembro percebemos que a pupila dele estava diferente uma da outra, a do olho direito, que é a do olho mais prejudicado, estava menos reagente à luz e menor. A oftalmo foi responder só dia 19 e porque a minha irmã mandou mensagem, se não ela não ia responder, a dispensamos e ela achou ruim. Pedimos para a doutora Kátia outra recomendação pois não estávamos satisfeitas e seguras com a dr. Debora, essa reagiu mal à dispensa.

Em dezembro teve festa na SMUL, abusei mais uma vez rs, acho que estes eventos sociais me fazem bem, percebo como me bate a euforia de aproveitar ao máximo. 

Natal, nada fácil. O coruja teve febre dia 24, tomou remédio melhorou um pouco, mas depois de 3 dias de medicação estava com dificuldade pra fazer xixi. Dia 29 levamos ele na doutora Kátia e ela passou um remedinho de homeopatia pra ele fazer xixi, como ele estava com a bexiga cheia. Ele fez todo o xixi, mas parou de comer. Ontem, dia 31 de dezembro  o internamos para tratar dos rins. Hoje vamos visitá-lo, e estou ansiosa pra ver meu neném. Só vou comemorar a entrada do novo ano com meu gato em casa, não consigo sentir a mudança de ano com meu gato internado de 31 a dia 01. 

Continuando...
Dia 2 de janeiro de 2022 a doutora Kátia falou pra deram alta pra ele porque falaram que ele estava comendo, mas os parâmetros dos exames não estavam positivos, a creatinina dele estava muito alta o que indica um problema renal grave, os rins não estavam filtrando as toxinas, e elas estavam ficando dentro dele.

Nós o trouxemos pra casa e continuamos com os remédios e a comida tivemos que dar na seringa, pois ele não queria comer. 

Comprei uma fonte de água pra ele, pra ver se ele se animava, comprei soros RL pra fazer soroterapia em casa, mas ele ficou pior depois de fazer. Não conseguia dormir mais, porque eu só de ouvir ele levantando eu corria pra ver se ele ia fazer xixi. Ele não estava evacuando mais, e por líquido que déssemos, ele continuava desidratado. Tivemos que comprar tapetes higiênicos porque depois de uns 2 dias  da internação, ele não conseguia ir até a areia pra fazer xixi. Com o exame agendado pra depois das festas de ano novo, não tínhamos muito o que fazer, a doutora Kátia foi muito atenciosa, nos ajudou em tudo que podia, mas agora era esperar os exames. 

No dia do exame, dia 10 de janeiro, o estado dele era muito pior. Ele andava cambaleando, não conseguia ficar em pé, e os exames mostraram os rins agudizados, ou seja, estavam aumentados e não estavam funcionando mais. Estava com uma desidratação severa, e nossa última tentativa foi chamar a endócrino que cuida do gato do meu irmão. Ela conseguiu agendar pro dia seguinte. Esta noite que antecedeu a visita dela foi a mais difícil, eu coloquei meu colchão no chão pra tentar deitar com o coruja, estava frio, queria aquecer ele, e ele estava tão fraquinho que não conseguia andar direito. Ele deitava comido e levantou umas 4 vezes, da primeira vez que levantou ele foi caindo em direção da porta, e eu quase morri do coração. Ele ia sempre pro tapete na porta do banheiro, ficava de frente pra fonte que comprei. Era pior eu pegar ele e levar pro colchão, porque toda vez que ele levantava e ia pra porta do banheiro, ele quase batia na porta, na mesinha, e eu temia dele se machucar ainda por cima. Chorei demais naquela noite, mal conseguia dormir porque sempre levantava quando ouvia as patinhas dele no piso de madeira. Minha chefe foi bem compreensiva nestes dias, eu fiquei trabalhando de casa. Quando a endócrino chegou, por volta das 13h horas, ela nos alarmou ainda mais, a temperatura dele estava muito baixa, ele estava hipotérmico, ainda nos deu um pouco de esperança e nos recomendou internação. Procurei por várias nos google, não ia por ele na ALLCARRE novamente porque era caro demais, encontramos a Querubim, meu irmão estava de férias e veio nos ajudar. Fomos pra lá o mais rápido possível, levei o Corujinha no colo, enrolado no cobertor vermelho que ele gostava, ele foi miando muito baixinho, nunca vou esquecer a carinha dele olhando pra mim, tão fraquinho, quase cego já, o olho esquerdo com Glaucoma e o direito completamente amarelo, prejudicado pela uveíte que a Dr. Débora não deu atenção direito. O deixamos lá na clínica, e eu fiquei um pouco aliviada, mas a noite quando nos deram os parâmetros dele, estava muito grave, tinham conseguido subir a temperatura dele, mas depois voltou a cair, a creatinina só aumentava, ele estava entrando em falência renal, não tinha mais muita esperança. No dia seguinte, dia 12 eu tinha acordado pra ir pra terapia, e a atualização do diagnóstico era pior ainda, praticamente irreversível, eu no caminho da terapia fui pensando e falando com minha família no whats sobre ir lá e pedir pra realizarem  a eutanásia, chegando na clínica pra fazer a terapia eu pedi pra psicóloga reagendar o horário, que eu iria lá, me despedir do meu gato. Fui pra casa buscar minha mãe e irmã pra irem comigo, no caminho me ligaram avisando que ele tinha tido uma parada respiratória, tentaram reanimar por 3x mas não conseguiram, então ele partiu. Meu melhor amigo, meu filhinho, o amor da minha vida não aguentou nem pra eu me despedir dele. Eu queria estar lá pra poder acalmá-lo. 

A perda do meu gatão vai me doer pra sempre, hoje é 28 de fevereiro, feriado de carnaval, e eu só de escrever, só de lembrar de como ele sofreu, que apesar de todos os esforços, ele sofreu muito, eu choro, me dói demais. Ele me preenchia, o amor dele me preenchia. Foi o mais mais puro, mais sincero, que nenhum ser humano pode oferecer, só os animais tem este tipo de amor. A gente tinha uma ligação muito forte, muito especial. A forma como ele confiava em mim, como ele ficou sem eu forçar, ele ficou comigo porque se sentiu seguro, me deixava por remédio nele, dar remédio, ficou super manso apesar de ter salvado ele quando já era adulto, e considerado idoso. Eu sinto muita falta de acordar com ele, sentir o cheirinho dele, acariciar as patinhas compridas, pegar ele no colo como um neném, brincar com ele no chão, ver ele espalhar água no chão. Ainda estou trabalhando o sentimento de culpa que eu sinto, ainda me sinto culpada por não ter chamado a endócrino antes, por não ter trocado de oftalmo antes. Queria meu neném saudável comigo, mas se ele sobrevivesse teria que fazer hemodiálise, e eu não queria isso, é muito sofrimento pra um gatinho. 

Este ano de 2022 começou me lavando o que eu mais amava, me causando medo, e nem foi tudo. Teve ainda o incêndio aqui no prédio, mas vai ficar pra outro dia. É muita coisa pra relembrar num dia só. 



























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