"You live, you learn"




E acaba mais um período de férias. É o primeiro em que me permito não ter nada programado. Como eu gosto de acordar sem ter certeza do que vai acontecer, apenas que farei o que eu quero. Sempre sentia uma cobrança, uma necessidade de ser útil pra alguém o tempo todo, e só agora aos 32 anos que eu estou aprendendo a dizer não de verdade, a priorizar as minhas necessidades, e nessas férias eu precisava de isolamento, de reclusão. Precisava parar e olhar pra mim, pras coisas que eu gosto e desgosto, pros meus projetos parados e fazer o que traria paz. 

Eu me cobrei programar cada dia das férias, fazer algo em cada dia, uma exposição, um parque, um mirante, um restaurante... Mas então, eu sai um dia, fui a um parque, depois de ter comemorado meu aniversário em um Pub, e fiquei esgotada, não era sair mais que eu precisava, era apenas descansar.

Eu dormi até tarde, ensaiei músicas da banda, terminei as aulas de desenho e agora preciso praticar, devo ter feito uns 5 desenhos neste tempo, é muito mais do que tenho feito em um ano inteiro, revi filmes de quando criança, revisitei minha criança interior pra poder me conectar com minha adulta, pra saber quem eu sou e quem eu quero ser de hoje em diante. 

Tem tanta coisa que eu não gosto quando me olho no espelho, e ao mesmo tempo tem coisas que eu adoro em mim que não podem ser vistas em fotografias, são habilidades, talentos e aprendizados. 

Eu faço muita coisa pra agradar os outros, ja abri mão de mim várias vezes pra deixar as pessoas felizes, tanto da família quanto amigos e trabalho, e é uma coisa que eu não quero mais fazer. 

Não quero mais ser apenas o que precisam de mim, quero ser que eu quiser, inclusive a pessoa que escolhe com que trabalhar, escolhe quando sair sem ter medo de recusar um passeio com um amigo, já fui em alguns que me deixaram muito frustrada, hoje eu não tenho mais necessidade disso. 

Não quero pegar freelas e ficar estressada por não ter tido tempo de descansar, pegar apenas pensando no dinheiro que eu vou ganhar, dinheiro que eu ja gastei com fisioterapia e remédios pra dor no estômago e terapia. 

Ah, a terapia. Tem dias que não são confortáveis, eu cheguei tão desiludida, tão perdida. Ainda não me encontrei totalmente, mas eu ja entendi o porquê eu fiquei assim, pelo menos eu ja reconheço alguns gatilhos. Ainda sou uma pessoa procurando o próprio caminho, já tenho muita bagagem, muita cicatriz, fotos e filmes na mala, muitas coisas eu não repetiria, outras eu adoraria poder viver de novo, pessoas que eu adoraria rever, tempo a mais com umas e de menos com outras. Estou reaprendendo a viver, a ser eu, um novo eu, não terei apenas coisas que eu gosto, mas quero poder conviver com todas as minhas partes e me sentir ao menos confortável. 

Acho que como eu existem várias pessoas, em diferentes idades, diferentes formas, cores e situações, apenas perdidas tentando se reencontrar. Estou tentando ver a beleza da vida novamente, além de todo o cinza, todo o luto e perda. Acho que o primeiro passo é focar nas coisas boas. 

Eu curti de verdade estas férias, não teve viagens e museus, mas teve o merecido descanso.




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