Farmácia "time"

Faz um mês que comecei a me tratar com medicamentos meus problemas psíquicos. Pesquisando sozinha eu descobri que tenho epilepsia desde os 7 anos, e só agora aos 32 anos que estou fazendo um tratamento com o neuro. Além disso comecei o tratamento da depressão ansiosa, o que provavelmente eu tenho em períodos longos desde criança. Os remédios antidepressivos são para me ajudar a lidar com os gatilhos dos quais tenho tomado conhecimento. Estou falando mais abertamente dos meus problemas, não quero mentir mais, ou fingir que estou bem, quero ficar bem de verdade, quero sentir a vida na minha pele e voltar a sentir paixão por tudo o que faço. 

Não tenho conseguido fazer muita coisa. Quarta-feira passada eu fui ao PS, não conseguia andar com firmeza, estava zonza, com tremores, tinha passado uma noite péssima com problema pra urinar além da insônia. Achei melhor ir ao médico, passei 5 horas desde de a chegada até ser medicada no Hospital do Servidor com minha mãe que foi até lá pra me ajudar, amanhã terei com consulta com um psiquiatra, eu troquei, a primeira médica era muito cara e não me fez muitas perguntas, apenas me passou remédio. 
Os efeitos são péssimos, tem dias que consigo ser produtiva no trabalho, em outros é muito difícil me concentrar e lembrar de tudo, tenho tremedeira, sono, boca seca, dor de cabeça, enjôo, minha vista piora. A parte boa é que não sinto crise de ansiedade ou necessidade de chorar até desidratar, sinto que ao menos o meu emocional está controlado, mas estou sem vitalidade, energia, não consigo ir a academia, estudar, cantar... É difícil ter paciência, me dá vontade de parar, de tomar os remédios e desistir... Me sinto dando mil passos pra trás. 

Hoje maratonei Dayse Jones e The Six, lembrei muito dos meus namoradinhos músicos, minha vida foi muito cheia de música, aventuras, shows de bandas covers, shows de djs, músicos independentes, e eu lá no meio, aprendendo a cantar, até compus uma com o Kazuo e o Becca (que descansa em paz) me divertindo sem usar as drogas, no máximo uns drinks. O primeiro porre que tomei foi por causa de um cara, a gente tinha um química mais intelectual, ele era mulherengo e mesmo quando não estávamos juntos (ficando), ele dava um jeito de me ter por perto, eu fazia fotos, era designer ou era só a amiga que ele queria levar pra ver ele tocar, e no fim a gente sempre sobressaia com a nossa química. Fizemos baladas juntos, ele era genial para criar festas, pens que a droga sempre estragava tudo. Ele era viciado em coca e escondeu isso de mim. Tinha uma moral duvidosa, usou da minha boa vontade pra me ter por perto e preencher o vazio que ele tinha. Ele nunca ia embora de uma festa sozinho, se uma falasse não ele arrumava outra que topasse.Quando vi que ele não queria ajuda pra sair das drogas eu saí da vida dele, pelo menos como amiga. Ainda fiz umas fotos pra ele e a namorada dele com mais uns amigos pra um projeto deles, mas eu já estava com.o coração e a mente em outra. Quem me salvou dele foi outro DJ, o Theo, ele e eu tínhamos uma química mais espiritual, nossos papos cabeça sobre a vida, sobre nossas crenças e consciência, com ele eu me sentia leve, e ao mesmo tempo que sabia que nós nunca seríamos um casal, eu amava o carinho que tínhamos um pelo outro. Tínhamos um ciuminho, eu percebi algumas vezes da parte dele. Ele também usava drogas, mas nunca deixou isso me afetar. Sempre foi gentil, educado e nunca, nunca deixou eu ver ele com outra, ele foi muito discreto. Ele era tão fechado quanto eu, eu via nele muito de mim, e tinha muito oposto tbm, que eu queria que me completasse, como se ele fosse a Lua e eu o Sol. Ele então tira a própria vida, e parte de mim foi junto. O Theo tocava e geralmente ia embora, sozinho. Eu sei que ele tinha muitas mulheres, mas não fazia questão de ficar expondo e contando vantagem, eu gostava disso. Sempre que estávamos juntos era real, sem celulares com mensagens, papos de ex, cobranças ou definições, era apenas aquele momento, o presente, o amanhã não tínhamos como prever, era leve e gostoso. Teve um vocalista com quem me envolvi por um tempo, um tremendo babaca. Mas o melhor caso de amor da música é com a plateia, é o palco, é a adrenalina de estar ali sendo observada e desejar que as pessoas se conectem com aquela mesma emoção, é passar está sensação da música, é fazer eles pularem, cantarem, marcar a vida delas com uma apresentação. Estou com saudade desta adrenalina boa, de me divertir no palco, de me sentir flutuando enquanto tento controlar a emoção e a respiração. Quando estamos no palco podemos ser qualquer pessoa, podemos ser apenas um vocalista se divertindo e se conectar com as pessoas.

A música me deu momentos que nunca vou esquecer. E melhor de tudo, eu sempre estive sóbria, apenas embreagada pela própria adrenalina. 

Diferente deste mês. Metade dele eu fiquei dopada, com 0 reações, sem conseguir sentir nem vontade de rir, só queria comer e que a azia passasse, que o mundo parasse de girar. Era como estar bêbada por 15 dias e nunca voltar ao estado normal. Odeio isso. Nunca gostei de ficar bêbada, gostava de beber, mas ficar bêbada e sofrer com a ressaca era péssimo, e tomar anticonvulsivante e antidepressivo é isso, estar bêbado sem curtir o sabor da bebida, a dança ou curtir o show de uma banda. 

Eu só quero ficar bem ❤️‍🩹

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