Regressão


























Estou naquela fase da psicoterapia quando se acha que está progredindo, então a psicóloga faz uma pergunta que desmonta todo aquele mundo colorido que foi criado, de felicidade e autoconfiança. Todos os passos que deu pra frente na realidade parece que foram todos pra trás. Uma ferida enorme se abriu, como uma cratera que está me engolindo. 

Achei que estava bem, recuperando minha segurança e autoestima, e na verdade ela é bem baixa. Recebi um e-mail sensacional elogiando muito meu trabalho, seja por ansiedade ou auto cobrança, eu conquistei uma imagem de liderança que eu sempre quis, mas por algum motivo eu fiquei triste. Eu fiquei pensativa depois da sessão de terapia, aquela felicidade e vontade de fazer as coisas parece que foi se apagando, e o e-mail chegou, e eu fiquei sem palavras e achando que aquilo seria prejudicial pra mim de alguma forma. Eu nunca soube aproveitar quando chegava em um ponto razoavelmente alto na vida. Sempre alguém me diminuiu, e agora eu não preciso que ninguém me diminua, eu mesma me diminuo para não dar a ninguém este direito, quando na verdade eu não deveria dar o direito a ninguém e muito menos me diminuir para caber em algum lugar. Eu fui invadida por um sentimento de exclusão quando cheguei em casa e coisas que geralmente eu não ligaria me incomodaram demais. Então, eu chorei por horas, compulsivamente, meus olhos estão doendo até agora, e a tristeza ainda está aqui, me sufocando. 

Eu estava precisando conversar sobre qualquer coisa, apenas um pouco de companhia, pra sentir que eu ainda sou um ser humano capaz de ter um convívio além do trabalho, e eu fui facilmente trocada, e isso me deu um gatilho (um tiro no peito). 

Não estou sabendo lidar, só estou sentindo e esperando passar. Amanhã é segunda-feira e eu preciso daquela força e animação de duas semanas atrás, até de menos dias atrás, que me fez voltar a fazer aula de canto, me deixou feliz e animada pra voltar com a banda, comprar um livro de branding e sentir que posso fazer qualquer coisa que eu quiser me dando um tempo e pausas. 


Eu lembro quando eu participei do concurso pra top model da vogue eyeware, eu fui uma entre 8 mil que selecionaram pra concorrer a vaga, e eu me apresentei pros principais representantes da marca, e meu ex conseguiu me diminuir falando que eu não tinha chance. Ele não suportava me ver "acima dele", se era assim que ele enxergava, ele não sentia orgulho de mim apenas queria se sentir melhor que eu. Então ele encontrou outras pessoas, outra vida pra sentir melhor, uma vida sem mim. 

Minha vida na maior parte das experiências foi isso, e para as pessoas não terem inveja ou ficarem contra mim, eu aceito menos do que mereço, e me coloco em situações menores que eu, e quando algo bom acontece eu não consigo ficar feliz por mim, eu não tenho com quem comemorar, eu não tenho ninguém do meu lado, eu me sinto sozinha. 

É muito assunto pra terapia, é muita coisa pra eu lidar, e agora eu só consigo ficar muito triste, extremamente triste.

Paralelamente a isso, eu comprei um curso de retrato da Domestika, e por não querer comprar um sketchbook eu montei um, me distrai com isso hoje, e vou tentar pegar um pouco por dia, por mim, assim como os exercícios de canto também. Já que estamos sempre sozinhos no fim, que eu me apoie no que sempre me fez companhia, a música e o desenho. No fim do dia, o que importa é que nos conforta, e a arte sempre foi minha escudeira, além da minha mãe, mas ela não vai viver pra sempre, e eu preciso achar algo que me fortaleça além dela, porque apesar de toda dificuldade que temos de conversar na maioria das vezes, ela tenta me entender, ela pelo menos fica do meu lado e tenta me entender. 

Eu sofro muito por ser esta pessoa que eu sou, e mesmo assim eu espero encontrar alguém que me entenda.



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